Quatro semanas!

Hoje faz exatamente quatro semanas que quebrei a perna. O que isso significa? Na verdade eu pouco sei. Mas existe uma expectativa de que, em breve, eu comece a retomar a vida normal. Aos poucos.

Na verdade, aos poucos é um problema! Porque custo a acreditar que seria uma retomada lenta! Mas tento me convencer disso, afinal, é na perna. Tem um corpo inteiro que ela precisa sustentar!

Quatro semanas! Até a terceira, parece que passou rápido! Mas conforme a data final – será? – se aproxima, a ansiedade vai aumentando. Surgem muitos “e ses”. Muitas dúvidas, muitas angústias! Vou perder todo um ciclo do taekwondo, se não mais. O vôlei eu já imaginava, só mesmo no ano que vem. E eu, que havia retomado a atividade física com tanto gosto, volto a estaca zero.

Resiliência e resignação nunca estiveram tão próximas.

Eu brinco, quando me perguntam, que me sinto “bad ass” dizendo que quebrei no taekwondo. Só não conto que foi caindo sobre almofadas. “O que pode dar errado?”, eu perguntei antes de saltar. Na vida, tudo pode dar errado. Um acidente que parecia que precisava acontecer. Aquele nó visceral de quando a gente sabe que tem alguma coisa estranha no ar.

Mas como saber? Como evitar? Difícil! Quando é para acontecer, acontece!

Hoje tem eclipse lunar. Um eclipse de finalizações que afeta principalmente taurinos e escorpianos. Vejam só! É um momento de encerrar traumas passados, não de co-criar futuros. Mas eu tô aqui, como sempre, vivendo a ansiedade de quem insiste em ter excesso de futuro no presente.

Confia no processo! Que frase poderosa essa! Já virou meu mantra. Deveria ser meu mantra sempre. Talvez me ajudasse e respeitar limites com mais frequência. Mas não, eu insisto em esperar pela dor para aprender. Então não me resta outra alternativa: confia no processo!

Tem muito mais coisas em torno de uma perna quebrada do que a simples consolidação do osso! Tem contexto, tem adaptação, tem aprendizado, tem empatia – muita empatia – tem paciência – muito pouca paciência! Surrender! Se renda ao tempo. Ao meu tempo, ao tempo do outro, ao tempo do universo. Respeita o processo. Confia no processo.

Estar com a perna quebrada me ensinou muita coisa. A primeira, e mais fundamental, além de ser uma das mais desafiadoras para mim, é a pedir ajuda. Não tem jeito! O outro se faz necessário! E tenho a sorte e a alegria de ter quem me acuda de bom grado, com amor! Também aprendi que nenhuma dificuldade é incortornável. A gente se adapta às mais difíceis situações. Dá um jeito!

Talvez nenhum aprendizado tenha sido tão grande quanto o da empatia. Me perceber na dificuldade do outro traz outra perspectiva para a vida. Mas aprendi também que, mesmo colocando as coisas em perspectiva e percebendo o quão privilegiada sou, é muito importante abraçar a minha própria. Me permitir sentir, me permitir transbordar. Tem dias que a tristeza toma conta. Faz parte (do processo).

E, como não poderia ser diferente, aprendi que não dá pra compensar uma parada física com uma maratona mental. Nem um, nem outro, cruza a linha de chegada. Pausa é pausa. Universo pedindo. Respeita!

Não dá para acelerar o tempo. Dá para aproveitar o tempo! É hora de focar no que posso fazer, não no que não posso! Hora de viver esse presente, por mais que ele seja diferente daquilo que planejei. Hora de aprender, observar e se divertir. Que seja contando sobre o ataque das almofadas faixas preta, ou caindo tombos de muletas por aí. Paciência não é qualidade, é exercício. Tem que praticar todos os dias para fortalecer a musculatura!

A vida logo volta ao normal. De uma forma ou de outra. Mas volta diferente. Tem um calo ósseo se formando na perna, mas que representa muito mais do que apenas o tangível. Ele consolida uma nova vivência, novas emoções, novas experiências. Sou maior do que era quatro semanas atrás. Disso eu tenho certeza.

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