Os gênios da parede

Foi mais ou menos entre a quinta e a sexta caipirinha de saquê com frutas vermelhas no Astor que o Rafa começou a me contar sobre os gênios que vivem nas paredes. Pelo que eu entendi, ele quis dizer que o talento que algumas pessoas tem, tanto nas artes, como na literatura, não é deles de fato. Mas dos gênios que vivem nas paredes.

Sim, gênios nas paredes. Eles utilizam algumas pessoas como ferramenta para sua auto expressão, e daí aparecem personalidades como Michelângelo, Beethoven, Kafka. Todos reles mortais, guiados por uma inspiração genial que vem de onde? Da parede. Triste pensar que esses caras todos nem eram nada de mais, apenas deram sorte de morar em casas com bons gênios.

Mas aí eu comecei a pensar em algumas coisas e, não que eu seja lá um grande talento, mas a forma como eu escrevo, faz a história do gênio ter muito sentido. Quando eu penso num assunto para escrever, abro o blog e cuspo o texto. De uma vez só. Parágrafo após parágrafo. Muito difícil eu parar e reorganizar, ou corrigir, ou mudar palavras. Prova disso é o post anterior. Cheguei na aula, abri a agenda e quando eu vi, tinha um post. Sem uma rasura. Sem um rabisco.

É curioso isso! Ou meu gênio me segue pelas paredes por onde passo, ou sou usada por diversos gênios em diferentes lugares. Uau, me senti um objeto agora! Mas o que importa é essa sensação de inspiração, sempre seguida pela expiração, que é a vontade de botar tudo pra fora. Graças aos gênios eu posso usufruir dessa terapia que é contar minhas ideias pra vocês todos os dias. E graças a eles, temos a oportunidade de admirar obras que vão além da capacidade humana: obras geniais.

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372 Thoughts on “Os gênios da parede

  1. gostei disso… da teoria do teu amigo e principalmente da tua conclusão a respeito dos gênios que nos seguem… e essa coisa de inspirar e expirar foi perfeita! enfim, boa divagação pro meu fim de noite!… porque eu tenho um gênio aqui na minha parede! abraço!

  2. Rafito Andrade on 27 de julho de 2010 at 2:01 said:

    Na verdade essa história toda surgiu de uma palestra que eu vi da Elizabeth Gilbert que é simplesmente incrível: ela sugere uma criatividade desprovida da necessidade inerente criada no antropocentrismo da renascença da supervalorização do ego pessoal dos gênios como as próprias pessoas e não o que anteriormente ocorria, como uma manifestação da divindade através do homem, o homem como instrumento. Ela sugere transformá-la (ou retornar ao conceito) de tudo como um produto do ser + um advento da inspiração (como na própria Roma antiga) dos daemons ou mesmo gênios ou mesmo (caso pessoal): – "ei, você aí… coisa sobrenatural, me dá um help!".

    Algo como tirar o peso das costas de um artista pelo fardo que carrega, tanto do sucesso como do fracasso. Nada mais justo e se pararmos para pensar sem toneladas de pré-julgamento de coerção católica: faz tanto sentido ou nenhum sentido como qualquer outra teoria que tenha já sido apresentada sobre a criatividade e o processo criativo em si..
    Beijos, Rafito

  3. Eu até ía comentar, mas depois deste turbilhão de informações do blog + a explicação e expiração do amigo aí de cima, sinto-me sem palavras e sem gênio.
    Meu Deus! Cadê meu dom… Oh shit!

  4. Cassiano on 27 de julho de 2010 at 9:04 said:

    Eu também tenho um gênio, ele mora dentro da garrafa. Dependendo do dia ele sai ou eu entro. Essa coisa de parede é coisa de "antropocentrismo da renascença"…. hehehehhehe

  5. Meodeos! Vo ler denovo a explicação dele, e talvez eu comente depois. Credo. Fiquei até tonta. huahauahuah!

  6. O meu gênio também mora dentro de uma garrafa! Sempre que eu abro, tomo (além da conta) eu fico mais genial do que eu sou normalmente!
    Isso sim, é o antropocentrismo da renascença!

  7. Pois é! Eu não assisti a palestra, e talvez se pudesse vê-la até mudaria meu ponto de vista, mas para mim gênio é gênio, independente da "parede"! Tu escreve bem, o outro pinta bem, e por aí vai, seja num barraco, bangalô, mansão ou ao ar livre!!!

    Beijão!!!

  8. Rafito Andrade on 28 de julho de 2010 at 1:43 said:

    Eu tinha feito um super-comentário sobre os "comentários" mas novamente me via na iminência de ser mal interpretado. Meu gênio tem tendência à verborragia e usa terminologias corretas mas não coloquiais. Coisas de gênio da idade média…

    Então mudo o foco e peço humildemente aos que não entenderam que leiam novamente o comentário: ele explica exatamente uma idéia de uma grande escritora e que libera do peso excedente a todos os artistas que vivem do fruto de seu trabalho criativo.

    Completo que esta idéia é ainda humanitária no sentido de livrar-nos do fardo de carregar as características comportamentais de maníacos-depressivos que começam a tomar vodka às nove da manhã, por exemplo. Isto foi uma piada.

    Abraços,

    Rafito e seu gênio.

  9. Marcelo on 29 de julho de 2010 at 13:14 said:

    Concordo com o Véio. Vai dizer que tu vai estar numa praia na Tailândia e não ter expiração para escrever, dúvido…

  10. Então Rafito, eu acho que o fato do cara ser um "gênio" no seu campo de atuação traz "embutido" o peso das cobranças sobre ele! Só será cobrado porque é bom, a gente não tem a mesma cobrança com os ruins, digamos assim. E o que torna essa pessoa mais gênio ainda, na minha humilde opinião, é o fato dele saber lhe dar com esse peso excedente.

    Abraço Tchê!!!

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