Fim

Quanto prazer eu tenho na finitude.
Deve ter um quê escorpiano nisso.
Um gosto pela morte, sabe?
Não a minha – nem a de ninguém.
Me refiro às coisas, mesmo!

Eu gosto muito do fim.
Tanto que inicio um livro e corro logo para ler o último capítulo.
Tem gente que chama de spoiler.
Eu chamo de correr pro abraço!

Na real eu sou bem crítica.
E saber o final me permite criticar todo o processo.
É o sadomasoquismo da vida real.
Nada a ver com fetiches.
É coisa de neura mesmo.

Ou não.
Por que chamar de neura algo tão bom?
O fim!
Acabou. A-ca-bou.
É orgásmico!

O fim abre espaço pro novo.
Novo ciclo (quem não gosta de um clichê?).
Novo projeto.
Nova relação.
A antecipação do desconhecido.
As borboletas na barriga.
Ah! O início é bom também.

Mas nem se compara ao fim.
O fim incita a transmutação.
Faz do novo diferente.
Dá bagagem.
Consolida repertório.

O fim finda.
Brinda.
Brindemos!

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