Daily Archives: 7 de outubro de 2022

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Poema sem rima

Sol que ilumina
queima e arde
pra mostrar que de tudo
é nosso dever extrair o que nos cabe

Sol que é vida
Vida que é energia
Energia que flui
Fluidez que passa

O sol também passa
Mas volta
Resiliente que só ele
Todo dia, ainda que nem seja visto

E se contenta em não ser visto
Não deixa de fazer seu show pela falta da plateia
Porque mesmo através das nuvens,
seus raios trazem luz

E se esse poema não rima,
não é por culpa dele
mas por causa dele
que é tão ele, que assim se basta

Brilha alto, sol
mostre que sempre há lugar
para quem busca iluminar caminhos
porque estamos precisando dessa claridade

Nos dê clareza, sol
clareza nas ideias, no coração e nas mãos
porque não basta saber, nem basta sentir
já passou da hora de agir

Chega mais, sol
nos abrace em seus raios e nos carregue no colo,
se apesar dos seus esforços,
ainda tenhamos dificuldade de enxergar

Sol que ilumina
queima e arde
pra mostrar que de tudo
é nosso dever extrair o que nos cabe

O que te tira o sono? O que te faz sonhar?

O que te tira o sono?
O que te faz sonhar?

A noite interrompida
pelo excesso de dia
que não deu conta de si mesmo

O inacabado bate à porta
O problema canta
A imaginação se encanta
E o sono voa

Não permiti essa invasão
Senhor Sono, não se vá
Bata suas asas de volta para a casa

A insônia é o alarme de quem sente
a dor, a falta
a urgência da mudança

Que transformação sonho eu?
Como sonhar com todo esse barulho?
O zumbido irônico no ouvido
e só quero paz

Precisamos de sonhos
do tipo bom – pesadelos não faltam
para enxergar o norte
e traçar a rota

Precisamos de sonhos para tangibilizar o sentimento
curar as dores
suprir as faltas
interromper a ciranda de problemas que insiste em rodar

Que dança!
O sono que vem e que vai
O sonho que expande e cai

O que te tira o sono?
O que te faz sonhar?

Fim

Quanto prazer eu tenho na finitude.
Deve ter um quê escorpiano nisso.
Um gosto pela morte, sabe?
Não a minha – nem a de ninguém.
Me refiro às coisas, mesmo!

Eu gosto muito do fim.
Tanto que inicio um livro e corro logo para ler o último capítulo.
Tem gente que chama de spoiler.
Eu chamo de correr pro abraço!

Na real eu sou bem crítica.
E saber o final me permite criticar todo o processo.
É o sadomasoquismo da vida real.
Nada a ver com fetiches.
É coisa de neura mesmo.

Ou não.
Por que chamar de neura algo tão bom?
O fim!
Acabou. A-ca-bou.
É orgásmico!

O fim abre espaço pro novo.
Novo ciclo (quem não gosta de um clichê?).
Novo projeto.
Nova relação.
A antecipação do desconhecido.
As borboletas na barriga.
Ah! O início é bom também.

Mas nem se compara ao fim.
O fim incita a transmutação.
Faz do novo diferente.
Dá bagagem.
Consolida repertório.

O fim finda.
Brinda.
Brindemos!