Já faz um tempo que a minha cu(nhada) me pede pra escrever um post pro blog dela e até agora não me senti inspirado pra escrever nada. Na real, esse costuma ser um problema pra mim. Porque eu gosto de escrever, gosto muito. Mas escrever mesmo, muito pouco. Meu googledocs está cheio de histórias começadas e acabadas. É isso mesmo, geralmente eu sei como começa e onde acaba. O problema é tudo que vem entre um e outro. Pois bem, dessa vez é mais fácil porque é uma história real.
Aconteceu já faz umas duas semanas, mas na verdade começou há três anos quando comprei o meu consórcio. Fiz as contas, ouvi os dois lados, juntei tudo e decidi que era o melhor pra mim. E apesar de toda a pressão por parte da família, hoje eu sou um motociclista! Porque motoqueiro é o motoboy!
Há dois anos tirei minha carteira de moto. Carro eu já dirijo há quase 10 anos e apesar do que minha namorada ainda fala eu não dirijo (mais) tão mal (outra hora eu conto o causo da Fiorino). E há pouco mais de um ano tenho minha moto.
Apesar de ter o maior respeitos pelos pedestres, afinal de contas fui um por quase 27 anos, não me considero um bom motorista. Odeio gente lenta no trânsito e tenho pavor de sinaleira. Mas me considero um bom piloto, fruto de anos praticando esportes de rodinha, como skate, inline e bicicleta. Eu me sinto realmente a vontade em cima de uma moto.
A moto foi, pra mim, um grito de liberdade. Primeiro, pela independência de poder ir e vir sem depender de carona, utilizando um meio de transporte que eu consigo sustentar e cabe bem no orçamento. E segundo, pela liberdade que a moto proporciona no trânsito insuportável da BR-116 que muitos de nós enfrentamos todos os dias e a facilidade de chegar a qualquer lugar e encontrar lugar para estacionar. Mas claro, nem tudo são flores!
Como disse meu pai, só existem dois tipos de motociclistas: aqueles que já caíram e os que ainda vão cair. Pois bem, há pouco tempo eu fui promovido do grupo de acesso ao primeiro escalão. Veja bem, a moto não é necessariamente um meio de transporte mais perigoso que carro. Só que quando acontece um acidente, o resultado é, na maioria das vezes, pior.
Sexta-feira, voltando do trabalho, peguei um dos muitos caminhos que tornam a viagem de Novo Hamburgo a São Leopoldo mais rápida. Estava quase em casa, de cabeça erguida, orgulhoso por ter feito um dos meus tempos mais curtos nesse trajeto e naquele horário.
A soberba. Ah, a soberba. Nunca cante vitória antes da hora!
Saí da BR-116 e já começava a fazer a curva subindo o viaduto da rodoviária de São Leopoldo. À minha frente ia um tiozinho lento num Monzão velho e eu decidi dar um gás e ultrapassá-lo quando, de repente, perdi o controle da roda traseira da moto. Foram alguns segundos desde o susto inicial, o roteiro de Missão Impossível II passar pela minha cabeça e eu me esgualepar no chão.
Por sorte eu estava bem agasalhado, casaco grosso, calça Jeans, mochila nas costas e, claro, o capacete. Levantei rapidamente. Ouvia o barulho da moto caida no chão ainda acelerada. Olhei para todos os lados até me localizar na pista e me certificar de que não corria o risco de ser atropelado.
Felizmente, a vida é cheia de ironias. Um, existem as sinaleiras e, graças a elas, outros carros demoraram a passar por alí. Dois, o tiozinho lento do Monzão parou pra me ajudar.
Levantamos a moto, a levei até o acostamento, bati o pó, puxamos os manetes pro lugar e eu estava pronto pra ir pra casa. Nunca vou esquecer o tiozinho me dizendo: “cara, tu voou por cima da moto!” Realmente deve ter sido espetacular. Eu só respirava fundo, tremia igual vara verde e enchi os olhos d’água quando cheguei em casa e contei pra namorada o que havia acontecido. Eu tivera mesmo muita sorte de não ter acontecido nada mais grave.
Mas no fim das contas, fora um roxo na coxa esquerda, alguns arranhões nas mãos e joelhos, um casaco rasgado e 30 reais em consertos na moto, o que fica mesmo é a lição, o cagaço que nos ensina a não ser sempre tão confiantes, ter mais cuidado no trânsito e ser mais compreensivos com as pessoas lentas, afinal, elas podem te ajudar um dia.
Agora chega, não vou nem revisar a grafia dos porquês por eu devia era estar trabalhando no meu TCC.
Mas cara, eu voei por cima da moto!
* Rodrigo Rutkoski Rodrigues, o Rutz, é webdesigner, formando, meu cunhado e pratica motocross free style em ruas movimentadas.