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Os gênios da parede

Foi mais ou menos entre a quinta e a sexta caipirinha de saquê com frutas vermelhas no Astor que o Rafa começou a me contar sobre os gênios que vivem nas paredes. Pelo que eu entendi, ele quis dizer que o talento que algumas pessoas tem, tanto nas artes, como na literatura, não é deles de fato. Mas dos gênios que vivem nas paredes.

Sim, gênios nas paredes. Eles utilizam algumas pessoas como ferramenta para sua auto expressão, e daí aparecem personalidades como Michelângelo, Beethoven, Kafka. Todos reles mortais, guiados por uma inspiração genial que vem de onde? Da parede. Triste pensar que esses caras todos nem eram nada de mais, apenas deram sorte de morar em casas com bons gênios.

Mas aí eu comecei a pensar em algumas coisas e, não que eu seja lá um grande talento, mas a forma como eu escrevo, faz a história do gênio ter muito sentido. Quando eu penso num assunto para escrever, abro o blog e cuspo o texto. De uma vez só. Parágrafo após parágrafo. Muito difícil eu parar e reorganizar, ou corrigir, ou mudar palavras. Prova disso é o post anterior. Cheguei na aula, abri a agenda e quando eu vi, tinha um post. Sem uma rasura. Sem um rabisco.

É curioso isso! Ou meu gênio me segue pelas paredes por onde passo, ou sou usada por diversos gênios em diferentes lugares. Uau, me senti um objeto agora! Mas o que importa é essa sensação de inspiração, sempre seguida pela expiração, que é a vontade de botar tudo pra fora. Graças aos gênios eu posso usufruir dessa terapia que é contar minhas ideias pra vocês todos os dias. E graças a eles, temos a oportunidade de admirar obras que vão além da capacidade humana: obras geniais.

Guarda-chuva

Odeio guarda-chuva. Uhum, odeio! Não tenho nenhum problema com chuva. Inclusive eu gosto de chuva. Acho que a chuva limpa, renova as energias. Sim, eu gosto bastante desse lance de energia… Mas guarda-chuva, bah, não dá pra aguentar. Meu problema não é com o guarda-chuva em si, o coitado é inanimado. O problema são as pessoas. Bom, óbvio que o problema seria esse. Especialmente, nesse caso, pessoas que usam guarda-chuva.

Com o guarda-chuva fechado, a maioria não consegue simplesmente segurar o dito cujo, fica balançando pra frente e pra trás… e lá vai ele, se achando o Gene Kelly em Cantando na Chuva. “I´m singing in the rain…” Pouco importa quantas canelas serão acertadas com o maledeto. Quanto mais pontuda a extremidade do guarda-chuva, mas forte ele é balançado… tal qual uma lei da física! Às vezes o balançar do objeto ainda vem acompanhado de um assovio ritmado. Façameofavor!

Aí se chove, efetivamente, ele abre o telhado provisório, mas não percebe que sua circunferência aumentou. O cuidado com quem passa ao lado é nulo e, se não cuidar, te levam um olho embora. Nessa hora eu gosto de ser baixinha, pois fico abaixo na zona de risco. Pros baixinhos o problema é outro: goteira. Sim, guarda-chuva forma goteira, que escorre em cada um dos aramezinhos que fazem parte da armação e caem sabe onde? Bem no meio da cuca dos baixinhos que passam por baixo!

Acho que deveríamos fazer porte de guarda-chuva. Isso mesmo! Só sairia por aí de arma em punho aquele que tivesse feito curso, entendesse a lei de Lavoisier e soubesse manejar com precisão o instrumento. Ou carteira de guarda-chuvista. Tem que aprender a estacionar o objeto no local adequado, sem molhar ambientes, pessoas ou qualquer outra coisas que esteja próxima. Dirigir somente na sua pista e avisar quando for fazer ultrapassagem. Ou calçadas de mão dupla, com sinalização e tudo. Já pensou?

Enquanto isso não acontece, o bom mesmo é aderir a boa e velha capa de chuva. Além de estarmos protegidos da água, temos mais agilidade para desviar dos guarda-chuvas descontrolados que insistem em perambular por aí…

Esquizofrenia

Esse lance aí da dupla personalidade deu o que falar. Uns gostaram muito da ideia, simplesmente pela praticidade. Outros me disseram acreditar que todos temos, pelo menos, duas personalidades. Ou seja, tem gente que acha que temos mais do que duas. Pra tu vê! Eu me achando o máximo com a Otta Beta.

O fato é que o assunto dá pano pra manga mesmo, pois quem não gostaria de “vestir” uma personagem que a isentasse de toda a culpa pelas grosserias, pelo politicamente incorreto, pelas extravagâncias e ousadias? Quem nunca desejou intimamente mandar o outro pra puntaquepartiu e poder dizer mais tarde: “Desculpe, não era eu!”. E quem nunca desejou ter mais coragem? Quem nunca recuou por medo da exposição? Da rejeição?

Uma outra personalidade pode tudo. É como se nos livrássemos de todos os medos e pudores e, simplesmente, pudéssemos por a culpa no outro. É o mesmo que ser o vilão da novela. Porque os atores sempre querem tanto fazer um vilão? Porque vilões vivem em cada um de nós, mas nunca podemos deixá-los se manifestar. Fazendo um vilão na novela, eles libertam todo aquele sentimento que a gente aprende a guardar lá no fundinho, pra sempre.

É igual o desenho do Pato Donald: anjinho de um lado, capetinha do outro. Cabe a ele escolher qual lado seguir, mas os dois estão sempre lá. Agora, ninguém é 100% bom. Aliás, desconfio muito de quem se mostra perfeitinho demais.  Bonita, inteligente, engraçada, simpática, bem empregada e ainda gosta de lavar louça? Só pode ser uma psicopata. E ninguém me convence do contrário!

Quando a saudade bate

Muita gente já deve ter ouvido que saudade, assim como a palavra representa pra gente, só existe na nossa língua. Tanto que alguns outros idiomas adotaram a expressão assim mesmo, saudade, da mesma forma que usamos em português. Mas o que realmente significa essa palavra, que a torna tão inexplicável, tão difícil de traduzir? O “sinto sua falta” não bastaria?

Não, não bastaria. Porque saudade não é sentir falta, porque sentimos saudade de uma emoção que tivemos em determinado momento, e não de uma pessoa ou de um lugar. Se lembro com saudade de uma festa divertida que aconteceu há algum tempo, com amigos que, de muito próximos, tornaram-se bastante distantes, não significa que eu gostaria de voltar à festa. A saudade é daquilo que senti na festa, da alegria que estava no ar, da cumplicidade que existia entre aquele grupo de pessoas, do quanto rimos planejando o pré e o pós.

Provavelmente, se a festa fosse hoje, com as mesmas pessoas, tudo seria diferente. Por isso eu digo, sentimos saudade de um sentimento que é nosso. Quando digo que estou com saudade de alguém, é porque quero de novo sentir da mesma forma me que sinto toda vez que estou com esse alguém. Se sinto saudade de um lugar, é porque quero novamente sentir toda a inspiração que aquele lugar me traz.

A saudade, quando bate, mas assim, quando bate de verdade, é profunda. As vezes até dói. Dá um aperto no peito. É tanta vontade de sentir o colinho do vô, o abraço daquele amigo, ou mesmo de lembrar daquela travessura que tanto planejamos fazer, mas que na hora, deu tudo errado. As vezes me pego rindo, lembrando saudosamente de alguns momentos da minha vida.

O legal é saber que vários bons momentos ainda estão por vir, ou acontecem todos os dias. E, antes de sentirmos saudade deles, devemos aproveitá-los e vivê-los com bastante intensidade, aproveitando cada minuto. Quanto mais intensa for a vivência, mais gostosa será a saudade… quando ela bater!

A felicidade nossa de todo dia

Acho tão gostoso quando a gente aprende a ser feliz com coisas pequenas. Quer dizer, o pequeno é relativo, mas me refiro àqueles momentos em que ficamos radiantes por um motivo e, quando vamos contar para outra pessoa, ela não entende qual foi a parte que gerou a felicidade toda. Eu, particularmente, considero isso um dom.

São abençoadas as pessoas que aprenderam a perceber a alegria em momentos do cotidiano. Aqueles que sorriem quando ouvem um oi de uma pessoa que fazia tempo não viam. Ou quando lembram de algum momento do passado e riem sozinhos, se divertindo naquela nostalgia particular. Ou aqueles que sofrem de “momentos Felícia”, quando simplesmente precisam pegar alguém e apertar, abraçar e amar…

Felizes os que se deliciam com as páginas dos livros, transportando-se para aquele mundo paralelo e vivendo aquela energia. Pouco importa se nesse plano aqui, eles estão no metrô, no avião, ou sozinhos no quarto. Aqueles que sentem friozinho na barriga quando aquele alguém especial manda uma mensagem perguntando se está tudo bem.

Felizes os que sentem com as entranhas, intensamente. Os que se emocionam até com propaganda de margarina. Abençoados aqueles de sorriso aberto, contagiante. Aqueles que sofrem da síndrome da Poliana, que sempre vêem o lado positivo das coisas. Felizes os que têm amigos de verdade.

É bom demais ser feliz, mas não dá pra viver a vida buscando a felicidade. A felicidade é alcançada todo dia, nesses pequenos momentos. Felizes dos que já perceberam…

Minuano

Aqui no Sul venta tanto que damos até nome pra vento. Minuano é como é carinhosamente chamado o vento mais gelado que corre por aqui. Ele traz com ele aquele ar polar super cortante, que gela até a espinha. Passa pelo pampa, atravessa o planalto médio e segue através dos aparados da serra até o mar. Quando ele bate no rosto, é como se tivessem jogado um punhado de agulhas na gente. Assim, a queima roupa.

Mas o Minuano é conhecido como sinal de boas notícias, provavelmente porque sopra sempre depois de muita chuva, trazendo o bom tempo. Sua passagem é breve, normalmente dura apenas três dias. Apenas? Sim, porque por mais gélido que ele seja, esse vento já é parte da cultura do Rio Grande do Sul. Já foi homenageado na triologia O Tempo e o Vento, do brilhante Érico Veríssimo. É assunto de diversos poemas e músicas. É motivo pra chocolate quente a dois, debaixo do edredom de pena.

Fácil saber quando o Minuano começa a soprar, pois o vento parece que entra em frestas da janela que nem sabíamos que existiam e, nessa passagem, provoca um som que é uma mistura de assovio com ronco. Dá medo só de lembrar! Se durante a noite, ouvires algo semelhante, melhor já levantar enrolado no cobertor, ligar pro trabalho dizendo que não vai e curtir a tarde em casa, com os pés quase dentro da estufa. Agora, se fores sair de casa mesmo assim, prepare o pala, a cachaça e o chimarrão. Com o Minuano não se brinca!

Seja bem-vindo!
Letra da musica Vento Minuano:
Gaúcho Sulino – Vento Minuano
Vento minuano macanudo,
que pelo Rio Grande se foi
enquanto eu sevo um chimarrão topetudo
que o patrão velho abençoe
eu convido a rapaziada,

“bamo” engraxar essa prateada
numa costela Friboi.Se este frio que você sente não é mole
pegue e se enrole no meu pala meu irmão
abra a guampa de cachaça e beba um gole
pra receber o minuano do meu chão.
e quando eu ouço o assovio do minuano
eu faço plano de voltar pra minha terra
rever o pago que deixei há muitos anos
e uma gaúcha que ficou a minha espera.

Esse é o vento minuano do meu pago
eu não agüento esse vento sem um trago
e quando sopra o minuano do meu chão
eu me aqueço no calor do chimarrão.

Este ventinho vai cruzando a caminhada
se misturando com o frio da madrugada
é o minuano do rio grande que se expande
quando seu verde fica branco de geada.

Esse é o vento………

Felipe Melo Facts

– Por causa do Felipe Melo, os melhores momentos da copa vão ser editados pelo Quentin Tarantino.
– As namoradas de Felipe Melo têm medo de pedir carinho a ele. Ele pode entender carrinho…
– Milhares de pessoas no mundo deram entrada no hospital após assistir à atuação de Felipe Melo em transmissão 3D.
– Felipe Melo não é bom de matemática mas gosta de dividir sem deixar restos.
– O cartão de visitas do Felipe Melo é o vermelho.
– No jogo de xadrez: Cristiano Ronaldo é a Dama; Kaká é o Bispo; Julio Batista é a Torre; Felipe Melo, o Cavalo.
– Uma vez Felipe Melo foi jogar JoKenPo com o presidente Lula. Ele tinha uma tesoura, e o Lula, 5 dedos.
– O Michael Jackson morto faz muita falta. O Felipe Melo vivo faz mais ainda.
– Após os treinos, alguns jogadores treinam cobranças de faltas, já Felipe Melo treina como cometê-las.
– A lenda da mula sem cabeça começou depois de um pé alto de Felipe Melo.
– O saci tinha duas pernas até ser atingido por Felipe Melo
– Todas as seleções têm volante… nós temos para-choque.
– Felipe Melo é o único jogador que você encontra no FIFA 2010, no Winning Eleven e no Mortal Kombat.
– O Felipe Melo não é o Dunga JR, ele é o Dunga Junior Baiano
– O Corcunda de Notre Dame era um modelo famoso até conhecer Felipe Melo
– Felipe Melo não nasceu, foi expulso do útero
– Aquiles uma vez dividiu uma bola com Felipe Melo, seu calcanhar nunca mais foi o mesmo
– Felipe Melo foi expulso da escolinha do Junior Baiano por agredir o Bruno do Flamengo….
– Chuck Norris encerrou sua carreira no cinema após um carrinho de Felipe Melo… Em “Velozes e furiosos!!!”

Viver cansa

É, viver cansa. As vezes cansa de um jeito bom. As vezes cansa de um jeito nem tão bom assim. Mas que cansa, cansa. Ainda mais se a pessoa decidiu que quer viver 10 anos a mil. Sério, as vezes não sei de onde tiro essas ideias…

O cansaço mental é horrível. Péssimo! Dá uma sensação de que a gente não vai conseguir fazer tudo a tempo, ou que já não sabe de mais nada, ou que não quer mais discutir, ou que simplesmente quer jogar tudo pro alto e sair por aí andando, sem rumo. Cansaço mental é foda. Chega a dar um desespero na pessoa. Eu fico coberta por post its. Coloridos. De vários tamanhos. Lisos ou com bichinhos. A louca dos post its.
Parêntese para o que acaba de acontecer: “Nana Ramos diz: Beta, tu ja me falou isso umas três vezes. Tu ta maluca?”. Talvez eu esteja.

Mas a melhor coisa quando se atinge um nível alto de cansaço mental, é buscar o cansaço físico. O cansaço físico libera a mente. Põe tudo pra fora. Coisa mais boa é sair correndo por aí, cada vez mais rápido, ouvindo um hard core pegado, sem pensar em nada…

Cansaço físico é gostoso. Dói as vezes, mas sei lá, parece que deixa o corpo pronto pra receber um monte de energia novinha em folha. E não tem diferença nenhuma se ele vem de um campeonato de vôlei em que a gente jogou quatro jogos seguidos ou de um dia de limpeza pesada no apartamento novo. A sensação de esgotamento é a mesma, e a necessidade daquela massagem gostosa e relaxante também é a mesma.

O fato é que viver cansa mesmo, e cabe a gente saber lidar com isso. Cabe a cada um conseguir dosar o cansaço com pitadas de amigos, molho de gargalhadas com vinho e uns palavrões, que vez ou outras saem por aí descontroladamente… Afinal, viver é bom pra cacete e, independente da hora em que o despertador vai tocar amanhã, o que eu quero é me divertir!

Quem somos de verdade?

No trabalho, precisamos ser firmes e fortes. Tomar decisões. Sermos duras com uns, suaves com outros. Argumentar. Usar a experiência. Não demonstrar fragilidade. Não chorar. Ter espírito de liderança. Sermos pró-ativas. Executar bem as tarefas. Gerenciar diversas atividades ao mesmo tempo. Sermos versáteis.
Em casa, precisamos aprender a relaxar, descansar. Mas também precisamos ser práticas. Cuidar das coisas e não sujar. Se sujar, limpar. Programar se existem roupas limpas em quantidade suficiente. Cuidar dos gatos. Estocar comida e produtos de limpeza.
Em família, precisamos ser motivo de orgulho. Estudar bastante. Tirar boas notas. Nos formar no primeiro e no segundo graus. Passar no vestibular. Nos formar na faculdade. Fazer uma pós graduação. Ganhar um salário que seja suficiente. Criar uma família estruturada dentro dos padrões exigidos pela sociedade. E ser feliz!
Em um relacionamento precisamos ser apaixonadas. Estarmos sempre bem arrumadas e cheirosas. Precisamos ser tolerantes e controlar o ciúme. Arrumar o cabelo. Vestir boas roupas mas não gastar muito. Sermos carinhosas. Sermos boas na cama. Cuidar do nosso amor. Sermos meigas, vulneráveis, frágeis.
Onde é mesmo que a gente pode ser o que a gente é de verdade?