Engenheirização

Cresci ouvindo sobre a dualidade entre exatas e humanas. Um é racional, o outro, emocional. Um toma decisões com base em análises estatísticas, o outro, confia na sua intuição. Um gosta de números, o outro de pessoas.

Tudo balela! Vamos combinar? Não tem como fazer análises frias, quando falamos de gente (e empresas são gente, clientes são gente, comunidade é gente!). E Não tem como manter a sustentabilidade de qualquer negócio achando que dados não importam.

Eu mesma me vejo tão no meio disso tudo. Adoro as possibilidades de análise que podemos fazer a partir de fatos e, ao mesmo tempo, me vejo aqui entre textos e poemas, abraçando a filosofia do que não pode ser compreendido.

Mas o cenário não nos permite mais aceitar o não compreendido. Não nos permite o não compreender. Perdemos a filosofia, perdemos o romance, perdemos o apreço pelo que nos envolve, conquista, cativa. A gente não sensualiza mais. Quer ir direto ao ponto. Sem preliminares.

As empresas estão abrindo as portas para engenheiros com fórmulas prontas, que dominem o algorítimo e entreguem resultado. Nem que seja um resultado mecânico, manipulador. E as portas estão se fechando para quem gosta da magia que envolve o ser (humano). É a engenheirização do trabalho. Uma pena. 

É menos emoção e mais 10 dicas infalíveis. É menos se perder, e mais ser encontrado. São planilhas de receitas mágicas com feitiços prontos ainda que, veja só que irônico, não reconheçam a validade do encantamento.

Não precisava ser assim, mas lá vamos nós polarizando as coisas de novo. Um board de matemáticos lidando com… pessoas! Dados, números, métricas. Onde fica o espaço da imaginação, da criatividade, das possibilidades? Imagino Edgar Morin soltando gargalhadas a essa altura.

Mas não quero passar aqui por alguém amargurada, sofrendo de um recalque que não me pertence. Se isso nos chega a um preço, logo a gente dá um jeito de banaliza-lo. Aguardem. Muito em breve, na faculdade EAD mais perto de você: engenharia das artes, engenharia da comunicação, engenharia da biologia, engenharia da (complete aqui com o que você quiser).

Mas talvez esse texto não chegue até você. Afinal, ele foi escrito por uma jornalista, não por uma copy writer. Ele não foi criado dentro da estrutura que o SEO pede. E ele não tem palavras chaves. Se o título fosse “três passos para atrair seguidores”. Mas não. É um texto com palavras inventadas! Que dureza!

Poesia é ar, informação é terra. Que a água nos lembre da fluidez e da infinitude, ainda que com profundidade. E que o fogo ilumine um caminho de diversidade que possibilite a alquimia perfeita para um novo presente. Encontrar o caminho do meio é dar asas à imaginação enquanto os pés tocam o chão.


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