A sós, eu e o tempo.

Ah o tempo,
essa entidade que ganha guarida
a cada prazo,
ou por obra do acaso
no que dizemos sincronicidades da vida.

É coadjuvante,
mas não quer esse papel.
Seu lugar é sob o holofote
enunciando, em voz estridente,
que estamos atrasados
e que a prioridade era outra.
Há de ser vidente!

A vida passa rápido
que clichê!
Mas de repente sou eu
a olhar o relógio sem entender
para onde foram as horas que eu jurava ter?

Tanto já disseram a respeito dele
que sinto não trazer nada novo
só a angústia de quem vê
o danado escorrendo por entre os dedos
antes que eu pudesse pedir socorro.

Dizem que ele pode ser inimigo ou aliado
Será? Só consigo ver um lado.
Pressão, envelhecimento
responsabilidade, atraso, ranço.
E quando a coisa tá boa,
e queremos que ele seja manso,
passa ele correndo.
Ô entidade à tôa.

Mas para uma coisa ele serve,
isso eu reconheço,
ele incita o início, espreme o meio
mas dá fim! Ô glória!
Deixa pronto o recomeço.

Eu gosto da finitude.
Gosto do renascimento e da transmutação
Porque não é na inércia
que se gera evolução.

E se é para brigar com alguém
da hora em que acordo
até alcançar a calma da terceira taça,
que seja com ele, que em mim já tem morada.
Um dia de cada vez,
não importa o que eu faça
sempre focando em ir além.

Ah, tempo!
O que dizer de ti,
amigo – ou inimigo – de infância?
Senão que andamos juntos
sempre atendendo o ritmo da emoção?

Mas precisamos ajustar uma coisa,
será que podemos?
Quando bater mais rápido o coração,
segure os ponteiros pela mão.
Dê mais chronos ao kairós,
e prometo que daqui, seguiremos nós.
Andando. Passo a passo. A sós.

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