Eu não gosto do raso. Nunca gostei.
Seja no mar ou nas experiências da minha vida. Eu gosto do profundo, do intenso, do complexo. Eu gosto de ouvir com atenção a discursos inflamados de ideias mirabolantes e gerar nexos que parecem desconexos num cenário caótico que, por si só, já não faz sentido algum.
Eu gosto de discutir. Acaloradamente. Gosto de cuspir meu repertório de argumentos e perceber a influência se manifestar. E gosto de receber de volta golpes intelectuais que me nocauteiam. “Puta que pariu! Eu não tinha pensado nisso!”.
A inteligência me fascina. E ela não tá no raso. Ela tá no fundo! E no fundo, ela quase não se vê.
Encontros rasos. Escuta egoísta. Conversa impaciente. Uma total perda de tempo. Minha e tua.
Quero conhecer tua história. Quero contar a minha. Quero construir novas… Quero que, ao ser perguntada, tenha tempo e atenção na resposta. Quero escutar ativamente, sentir visceralmente.
Não quero estar com muitos no raso. Quero os poucos e corajosos do fundo.