Mais uma história pra contar…

Em maio desse ano (2018), passei por uma experiência atípica em Londres. Bom, ao menos na minha cabeça, um roubo em Londres é atípico! Mas enfim, cheguei no Heathrow Airport e o trem expresso até Paddington, que demora 15 minutos e vai direto, me deixando a algumas quadras do hotel onde eu ficaria hospedada, não estava funcionando. Ok, pensamos (Alice e Lola estavam comigo), vamos pegar o metrô normal – famoso underground. É facinho de se entender com o mapinha e, algumas baldeações depois, chegaríamos na estação do hotel. E assim fizemos!

A surpresa foi quando, ao chegar ao hotel, percebi que havia sido roubado da minha bolsa um case com o meu passaporte e algum dinheiro. Fiz o caminho de volta até a estação. Perguntei à diversas pessoas. Nada! Era domingo, e na segunda era feriado bancário, ou seja, Consulado só abriria na terça.

Bom, o que não tem remédio…. Se cura com cerveja.

No dia seguinte, fiz o BO online e comecei a me informar sobre os procedimentos para a solicitação de novo passaporte e quais alternativas eu tinha. Pra piorar um pouco a situação, dali eu não voltaria pra casa, mas iria a Portugal para um Congresso. Nada muito complicado: paga-se uma espécie de cheque nos correios (e é caro!), preenche uns formulários, cola uma foto (eu tinha uma foto na carteira graças a um recente visto pra China), imprime o BO, a cópia do passaporte roubado, um comprovante de endereço e acende uma vela pra todos os santos.

Terça feira eu me fui pro Consulado. Era o penúltimo dia para regularizar os documentos para as eleições e o lugar estava completamente lotado! Mas três horas depois eu fui atendida. Tudo tranquilo, tudo certo, exceto pelo fato de que eu teria que esperar até 5 dias úteis até receber o novo. E eu não tinha esse tempo todo.

Uma ajudinha da Bel aqui do Brasil, com um contato dela que trabalhava por lá, me deu os direcionamentos para solicitar urgência e no dia seguinte fui buscar o documento novo.

Minha única tristeza nisso tudo tinha sido perder meu passaporte anterior, que estava quase lotado, cheio de carimbos, vistos e recordações de viagens malucas. Era uma pena não tê-lo mais comigo!


Aí eis que, no dia 3 de agosto, recebo o seguinte e-mail:

Prezada Roberta, Bom dia!

O Consulado recebeu o seu passaporte extraviado, enviado pelo Royal Mail. Como você provavelmente está de volta ao Brasil, por favor informe se prefere que ele seja destruído, ou se há interesse em pedir a algum familiar ou amigo que venha coletá-lo par você.

Atenciosamente,

Setor de Passaporte / Passport Section
Consulado-Geral do Brasil em Londres | Consulate-General of Brazil in London

Na mesma hora, postei no Facebook perguntando se alguém da rede estava em Londres e poderia me fazer um favorzinho. Afinal, a galera da exportação tá sempre pelo mundo mesmo. Mas não, quem respondeu não foi ninguém dessa turma. A Suane e eu nos conhecemos através do trabalho e tínhamos dividido o mesmo ambiente algumas vezes, em algumas reuniões, e trocado algumas palavras. Ela estava indo para Londres de férias e se colocou a disposição pra buscar o passaporte.

Quem nessa vida, faz isso por uma pessoa que mal conhece? Quem? Uma pessoa com amor no coração, né?

Uns dias depois recebi essa imagem, com a legenda “Em mãos!”:

passaporte


Hoje, acordei as 3h50 da manhã, pois tinha um vôo às 6h30 para São Paulo. O destino final era Cali, na Colômbia. Haviam alertas de tempestade durante a noite, então estava atenta para ver se deveria mudar os planos. Mas não. Chuva fraca, o carro logo chegou para me pegar.

No aeroporto, ao fazer check in, o susto: “onde está a carteira com a vacina da febre amarela?”. “No passaporte que foi roubado”, disse. Ela me explicou então que eu não poderia embarcar, que a Anvisa não abriria no final de semana e que eu deveria ir até a loja para tentar a remarcação para segunda.

Segunda???? Como assim? E a ação na Colômbia? E nossos associados? E meu trabalho? Baixei a cabeça e fui até a loja da Latam. Fui atendida por uma moça muito querida chamada Josélia (tenho quase certeza de que era esse o nome!). Enquanto ela buscava alternativas para a minha situação, me lembrei de ter visto no Face da Suane, um post sobre ela estar voltando pra casa! Entre no facebook e tava lá: postado em Frankfurt, 16h36.

Era minha chance. Mas a chance era muito pequena. A carteirinha tinha que estar com o passaporte, a Suane tinha que pousar e responder minha mensagem em tempo, ela tinha que chegar em Porto Alegre antes de eu sair ou eu chegar em São Paulo antes dela sair de lá.

A Su respondeu, a carteirinha estava lá, ela tinha acabado de pousar, em Guarulhos (que era pra onde eu estava indo), e ela poderia deixar a carteirinha com alguém da Latam em São Paulo. Na pior das hipóteses, eu iria no domingo.

Começou a correria. A supervisora de Porto Alegre, que também foi muito querida e que se chama Jéssica, começou a ligar para São Paulo pra descobrir quem era a supervisora do dia e perguntar se ela topava ficar com o documento e aprovar meu embarque. Enquanto isso, a Su tinha que pegar as malas dela, passar pela polícia, despachar as malas pra Porto Alegre e entregar o documento.

“Guichê F30, no terminal 3. Diz pra ela procurar pela Malu!”, me disse a Jéssica. “Eu estou no terminal 2”, me respondeu a Su. Nesse momento, uma moça pegou minha mala e meu passaporte e foi fazer check in, ainda que em modo “condicional”. A Su havia conseguido redespachar suas malas e estava a caminho do terminal 3. Mas esse trajeto é longo, demorado, e meu vôo estava fechando as portas. “Entra com ela e espera o meu ok pra ela embarcar. Ninguém fecha a porta do avião sem minha autorização”, disse a Jéssica pra outra moça querida que infelizmente não peguei o nome. Fomos! Ainda faltavam uns 10 embarcarem. Eu ali, do lado do moço, estômago revirado.

“Entreguei”, mandou a Su. E a Jéssica pelo rádio, “pode embarcar!”.

Embarquei!


Eu não sei que reação eu teria se eu estivesse no lugar da Su. Mas o fato é que ela chegou de um vôo de 12 horas, pulou o free shop e correu de um terminal ao outro pra entregar um documento de uma louca que ela mal conhece. Se não são anjos que o destino coloca em nossas vidas, não sei o que são.

 

Sutalk.001

Sincronicidades do universo, obrigada!

Su, conseguimos! <3

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