Eu nem ia escrever sobre Morro de São Paulo. Não sei bem porque havia decidido isso. Mas o fato é que tudo mudou quando fui na festa insana de quarta-feira. Sim, sabia que precisava compartilhar a experiência. Porque o Morro é isso mesmo, a experiência. É muito mais o que se sente e se vive por lá, do que o que se vê.
A escolha da praia começou por mim pesquisando melhores destinos para solteiros no Brasil. Oh yes! Depois da calmaria de Punta Cana, queria um pouco de agito e diversão. Morro de São Paulo, esse balneário, parte da ilha de Tinharé, no norte da Bahia, aparecia em todos os resultados. A Mari topou na hora e iniciamos as providências.
Contratamos um transfer antecipado, que nos levaria do aeroporto direto pra ilha. Direto em termos. Uma treta chegar no pico, o que faz dele ainda mais especial. Trinta minutos de van, 40 minutos de barco, 1h40 de van e mais 15 minutos de lancha. Chegamos com o por do sol. Foi mágico!
Na chegada haviam os táxis. Homens com carrinhos de mão, dispostos a carregar a bagagem pela bagatela de R$ 15,00 por peça! Parece caro, eu sei, mas é dar os primeiros passos e se deparar com a primeira das muitas ladeiras que enfrentaríamos e já deu vontade de abraçar o tiozinho. Pois é. Depois de tudo que fizemos para chegar lá, era hora de botar as panturrilhas para funcionar e procurar nossa pousada.
Morro de São Paulo consiste basicamente de quatro praias, a Primeira, a Segunda, a Terceira e a Quarta. Sim, esses são os nomes das praias. Criativos, não? Na pesquisa, descobrimos que o agito acontecia mesmo na Segunda, então foi por lá que nos hospedamos. No final, faço uma avaliação dos serviços e locais para auxiliar quem quiser planejar sua próxima viagem pra lá.
Largamos as coisas no hotel e fomos direto para a beira da praia, num dos bares/restaurantes com música ao vivo e cerveja gelada do lugar. De cara, deu pra notar a quantidade incrível de argentinos por lá. E não é só a passeio, não. Muitos acabaram ficando e hoje trabalham nos estabelecimentos do Morro. Mas além deles, americanos, italianos, franceses, alemães. A ilha é uma gringaiada só, o que deixa essa mistura louca ainda bem mais divertida. A final do campeonato de rugby que tava rolando no domingo pode ter contribuído um pouco com esse cenário.
Na segunda-feira, curtimos o dia na Segunda praia, que no meu entender é a melhor das quatro. Cheia de restaurantes e bares, paramos no atendimento do Branco, que montou duas espreguiçadeiras perto de um guarda-sol e prometeu nos atender durante o dia. Nos cobrou R$ 5,00 cada cadeira. Vale a pena! E ali ficamos, curtindo o mar frio e verdinho, a areia fofa, cervejinhas e petiscos.
A noite rolou o que eles chamam de luau, mas que de luau mesmo não tem nada. Na verdade é uma festa na praia, no meio de muitas barraquinhas de caipifrutas, com músicas das mais variadas possíveis, todas com uma qualidade assustadoramente ruim. Foi de sertanejo a sofrência, passando por arróxa (sim, aparentemente esse é um estilo musical) e por músicas em espanhol. Deu pra dar boas risadas dos gringos, especialmente os argentinos do rugby, que pareciam ter caído pra dentro da garrafa de cachaça.
Na terça caminhamos pela Terceira praia e fomos até o comecinho da Quarta. Nessas duas, com o recuo do mar, formam-se piscinas naturais nos corais. Bonitinho, até, mas achei meio barrento o caminho e por lá não tem estrutura montada, o que complica a vida naquele sol. Entrei numa piscininha, vi uns peixinhos e voltamos pro atendimento do Branco. Fomos ver o por do sol num mirante perto do farol. Acho que nunca subi tanta escada na vida! A noite conhecemos o Lucas, que nos falou da tradicional Festa do Teatro. A festa é considerada a melhor da ilha e já acontece ha 23 anos, toda quarta-feira. Então bora lá, né? Programa certo para o dia (noite) seguinte.
As 9h chegou um moço na pousada para nos levar para o passeio de volta na ilha. É o passeio mais tradicional que tem por lá e vale muito a pena. Passamos o dia na lancha do George, que nos levou para duas piscinas naturais, praia do Cueira, onde comemos a mundialmente – segundo eles – conhecida lagosta do Guido. De lá fomos passear pelo Rio do Inferno, cercado de mangue, que tem esse nome por causa da grande quantidade de bancos de areia. Paramos num restaurante flutuante que servia ostras e outras iguarias a preço de banana e aproveitamos para um mergulho na água (quase) doce. O passeio todo é uma delícia e vale muito a pena. Custou R$ 75,00 por pessoa, dura o dia todo e ainda dá direito a muita emoção com a lancha em alta velocidade saltando as ondas em alto mar.
E a noite tínhamos a festa!
O problema é que eu não sei nem como começar a explicar essa festa. Primeiro, nos disseram que era meio longe, mas nunca poderíamos imaginar o quanto. E morro acima! Um “guia/barman/local/promoter” juntou um grupo no centrinho (ah sim, Morro tem Centro) e rumamos a festa que começava a meia noite, como todas por lá. Começamos a subir. E a subir. E a subir mais um pouco. Aí nos deparamos com a escadaria gigante que deveríamos subir, mas nosso amigo guia disse que conhecia um caminho melhor. E entramos mato adentro. Sério, parecia cena de Bruxa de Blair. Ninguém conhecia o lugar e estávamos todos seguindo um desconhecido pelo meio do mato escuro. Ri muito daquela situação.
“Ao invés de 188 degraus, por aqui só subirão uns 20”, dizia o moço. Na verdade eram uns 40, mas não eram bem degraus, mas aquele tipo de escada que se forma nas raízes de árvores, sabe? E quando finalmente chegamos no topo, mais uma caminhada de 10 minutos na areia fofa. Chegamos exaustos, suados e totalmente desmontados. O lado bom disso tudo é que todo mundo chegaria do mesmo jeito.
A festa prometia duas pistas, banda ao vivo, capoeira, fogueira (???) e filmes (???). E tinha tudo isso mesmo! Além de um poeta meio chapado, metido a mestre de cerimônias, que declamava um dos seus textos entre uma “atração” e outra. Aliás, atração a parte eram novamente os gringos de bermuda e camisa social. Pra quê, senhor? Lá pode tudo, chinelo, bermuda, homem sem camisa (amém)… Ninguém se importa com o que o outro está usando, todos querem apenas se divertir.
Na saída, um cara nos ofereceu um táxi até a escadaria (não voltaríamos sozinhas pelo meio do mato, e pra descer todo santo ajuda!). Saímos e nos deparamos com isso:
Fomos a pé mesmo… E realmente o caminho do menino era bem melhor. Quem for, confie.
Na quinta-feira nós curtimos a ressaca apenas. Fomos curtir o por do sol na famosa Toca do Morcego (e vá ladeira). Que clima sensacional do lugar. Música ao vivo com a cantora Julia Morena. Ainda ouviremos falar dela! Semana que vem ela lança uma música linda que fez sobre Morro de São Paulo. Assim que der, posto aqui. Tinha luau a noite novamente, mas o corpinho pediu trégua! Uma noite bem dormida se fazia necessário!
A sexta seria nosso último dia. E amanheceu com uma leve garoa. Aproveitamos para dar uma caminhada até a Quarta praia antes de subirmos para pular da tiroleza que sai lá do farol e cai dentro do mar na Primeira praia. Mas a preguiça falou mais alto e acabamos ficando pela praia. Pra nossa sorte! Depois descobrimos que por causa do mau tempo, a tiroleza não estava funcionando. Economizamos pelo menos três ladeiras e uns vários degraus!
A noite tinha festa na Toca. Em Morro de São Paulo, cada dia tem uma festa. Elas não se sobrepõem e assim todo sempre vão para o mesmo lugar. Tanto a festa do Teatro quanto a festa da Toca custaram R$ 40,00 por pessoa. O repertório de música ruim continuou, dessa vez com eletrônica. Inclusive uma versão do Nirvana que faria o Kurt se contorcer no túmulo. Valeu, sempre vale. Me diverti.
As 6h da manhã nosso “taxista” estava nos esperando, sob chuva, para partirmos rumo a Salvador, encerrando uma semana maravilhosa de férias que passou rápido demais. Ficou a certeza de que voltaremos, um carinho gigante pelo lugar e pelas pessoas de lá e uma saudade desde já de um lugar onde todos podem ser o que quiser.
Serviço:
O receptivo da Cassi Turismo foi ótimo na chegada e bem meia boca na saída. Acho que como já conhecíamos o percurso, nos deixaram mais soltos. Ainda assim, vale o custo, algo em torno de R$ 120,00 por pessoa para a opção semi terrestre, que foi a que escolhemos.
A pousada Bahia 10, na Segunda praia tem uma ótima localização, mas o quarto é minúsculo. Compensa pelo excelente atendimento e simpatia dos funcionários, desde o José, que lavava a piscina todos os dias de manhã e me fazia companhia nos dias em que minha rosse me fez madrugar. Além disso, nem todas as pousadas tem piscina, e no dia da ressaca, a piscininha foi providencial. E eles tem o Abel de mascote. Uma iguana de 9 anos e 8kg.
Na Segunda praia tem um restaurante ao lado do outro e é sempre uma briga pra ver quem te conquista. Mas não chega a ser agressivo. O ruim é que as músicas as vezes se misturam. Mas curtir um jantarzinho na beira da praia compensa. By the way, os garçons são daquele jeito. Atenciosos, mas bem devagar. Teve um que, quando abanávamos tentando chamá-lo, ele abanava de volta e continuava conversando com seus amigos. Kkkk
A pousada e mesmo o vôo não é caro, mas o custo de vida na ilha é caríssimo. Comida e bebida. Especialmente em se tratando de frutos do mar. Vai entender…
Descobrimos que tem vôo da Azul pra Valença, que fica a 15 minutos de lancha de Morro. Fica a dica pra quem quiser ir.
O passeio volta da ilha consiste no seguinte:
O passeio “Volta a Ilha de Tinharé” é o mais requisitado e conhecido passeio de Morro de São Paulo e não pode ficar de fora do roteiro durante sua viagem a Morro de São Paulo. É um verdadeiro tour pelas ilhas de Tinharé e dá aos turistas uma visão ampla do Arquipélago, além de proporcionar ótimos momentos de relaxamento e diversão pelas belas praias e pontos turísticos de Morro de São Paulo e Boipeba.
O “Volta a Ilha” sai do ponto de embarque localizado na Terceira Praia de Morro de São Paulo ou ainda do cais. A saída é por volta das 9h30min ou 10h e o retorno, aproximadamente às 17h. O passeio dura em média oito horas e é realizado em lanchas e embarcações do tipo flex boat.
Ao total são cinco paradas, podendo ter quatro dependendo da maré do dia, ou seja, se a maré não estiver boa para parar nas duas piscinas naturais é feita somente uma parada. O ideal é que a maré seja baixa. As paradas nas piscinas de Garapuá (Morro de São Paulo) e Moreré (Boipeba) demoram em média 50 minutos em cada uma. Se as piscinas estiverem com boa visibilidade para o mergulho podem demorar um pouco mais. É indescritível a sensação de estar nas piscinas naturais no alto mar de Garapuá ou Moreré. Ambas apresentam águas cristalinas e uma grande quantidade de peixes coloridos. Um snorkel para mergulhar é indispensável neste momento. Nas piscinas de Garapuá há um bar em alto mar que serve os turistas com bebidas e petiscos.
Após as piscinas naturais de Garapuá e Moreré, o passeio “Volta a Ilha” prossegue parando na praia de Cueira, em Boipeba. Cueira recebe os visitantes com um cenário paradisíaco: um imenso coqueiral que envolve um mar azul e uma areia clara. Mas não é somente a natureza a grande atração de da parada em Cueira. Na beira da praia está o quiosque improvisado do Seu Guido, um antigo e famoso pescador de Boipeba que vende há anos, lagostas na praia. Vale à pena experimentar as lagostas do Seu Guido!
De Cueira as lanchas partem para a praia da Boca da Barra. Quem desejar poderá fazer o percurso de Cueira até a Boca da Barra através de uma trilha no meio da mata e que passa pela praia de Tassimirim. A caminhada tem a companhia de guias que ficam na praia e o tempo é em média de 20 minutos.
A próxima parada é na praia da Boca da Barra, em Boipeba, onde os turistas geralmente almoçam num dos restaurantes localizados na beira da praia. Você terá a oportunidade de saborear pratos deliciosos à base de frutos do mar e depois descansar com a brisa suave, nas redes que ficam nos restaurantes. Por volta das 14h30 o passeio continua pelo Rio do Inferno rumo a Cairu, a sede administrativa do arquipélago. Em Cairu é feita uma visita ao convento de Santo Antônio um rico patrimônio histórico do tempo da colonização do país.
De Cairu as lanchas retornam para Morro de São Paulo, ainda pelo Rio do Inferno, com uma última parada em Canavieira, onde há um criatório natural de ostras. Não deixe de provar as ostras gratinadas e depois dê um mergulho no rio. É uma delícia!