Novidade pra mim, sigo dormindo cedo e acordando mais cedo ainda. Acho que pra quem está sozinha pela Indonésia, o melhor mesmo é aproveitar o sol. Era 7h quando abri os olhos e me deparei com o quarto super iluminado. Olhei pela janela e lá estava o mar, lotado de surfistas. Fiquei imaginando a que horas eles acordaram!
Decidi ficar pela piscina, já que é uma descida íngreme até a praia e eu poderia tomar o café da manhã e pegar meu bronze com todo o conforto, por ali mesmo. Fiquei de papo com a família da pousada de Garopaba enquanto me atualizava pelo What’s App sobre os acontecimentos back home. (Ingresso pro Foo Fighters comprado, by the way. Thanks Sis).
Era 11h30 quando decidi partir para o próximo destino. Pra minha sorte, o pessoal do hotel foi super querido e carregou minha mala até o lobby/bar/restaurante/ponto de táxi. Aliás, importante ressaltar esse ponto: o ideal por aqui é realmente vir de mochila. Os hotéis sempre possuem caminhos tortuosos, com chão irregular e escadas pra subir. As malas são bem complicadas pra carregar. E, apesar de eu sempre dizer que uma mochileira deve conseguir carregar suas próprias coisas, fiquei com vontade de abraçar o balinês que carregou as minhas.
Meu taxista apareceu no horário combinado e rumamos para Padang Padang. No caminho ele pegou um atalho pelo meio da Dreamland Beach, para que eu conhecesse. Me contou sobre como o ex ditador indonésio desocupou aquelas terras, 25 anos atrás, a maioria através de força bruta e armas. Hoje, segundo ele, a Indonésia vive uma democracia com um presidente eleito pelo povo, que aparentemente faz sucesso. “Não entre os parlamentares”, ele fez questão de ressaltar. Madi, o motora, me contou que o presidente é muito querido pelo povo, uma pessoa humilde, que está sempre circulando para entender as necessidades.
Ficou claro que ele é fã do cara! Ele ainda me contou que hoje eles votam para outros cargos como governador e prefeito, mas que o parlamento tem um projeto para que apenas o presidente seja eleito de forma democrática, segundo Madi, uma forma da elite política se posicionar contra o atual presidente. Mudamos de assunto e passamos a falar sobre o ritual Indú que assistirei amanhã em Uluatu, mas o Madi usou tantas palavras locais pra tentar me explicar a história que acabei desistindo de entender. Ele disse pra eu não me preocupar pois vou receber um folder com toda a história antes da dança. Melhor assim…
Antes de me deixar no Pink Coco, meu hotel em Padang Padang, Madi propôs me levar a Ubud, meu destino daqui dois dias. Disse ele que “tu foi legal comigo nesses dois dias, agora quero ser legal contigo”. Ele só não se ofereceu para amanhã porque tem uma cerimônia de cremação pra ir. “Mas não se preocupe, não é ninguém próximo”. Ok! E quem disse que o universo não devolve, né? A gente colhe o que planta e o Madi virou meu motora, amigo e guia local. Bom pra nós!
Fui muito bem recebida no Pink Coco. Fiquei imaginando se era porque eu já havia deixado o hotel pago antes de vir. Ganhei um chá gelado de boas vindas. Doooooce daqueles de doer os carrinhos, mas tomei tudo pra não parecer mal agradecida. O quarto ainda não estava pronto, então aproveitei pra almoçar enquanto preparavam tudo pra mim.
Quando cheguei no quarto… UAUUU! O mais legal de todos até agora. Todos os móveis do quarto são feitos de cimento. Até o chuveiro! Mas era hora de aproveitar a tarde para conhecer Padang Padang, e não de ficar no hotel. Dei de mão numa toalha e me fui lomba abaixo. Primeira coisa que vejo na entrada da praia é uma macacada com cara de que aprontam todas fazendo a alegria dos turistas. Segui descendo por um caminho incrível pelo meio de pedras que de tão estreitas em alguns locais, só passa uma pessoa por vez.
Quando finalmente cheguei na praia, me deparei com uma multidão de pessoas, e não era esse auê todo que eu queria! Deitei por ali, mas foi só o tempo de avistar um caminho por entre as pedras na beira do mar, que resolvi dar uma caminhada. Afinal, de escalar pedras na beira da praia eu entendo, né Gabi?
Fui andando por ali até não ver mais ninguém. Estendi minha toalha e desfrutei de uma das paisagens mais bonitas que já vi. O contraste do mar com as pedras e o por do sol que rolou no final da tarde me fizeram entender por essa foi a praia escolhida pelos produtores de Comer, Rezar, Amar. Um mergulho nas piscinas que se formam entre os corais e quando vi, já era hora de voltar e encarar toda a subida de volta pro hotel.
A noite resolvi sair sem rumo. Logo ouvi uma música e resolvi segui-la. Fui parar numa hamburgueria de um brasileiro, que era quem tava tocando e cantanto ao vivo. Ele acabou me apresentando para outros brasileiros que moram na praia. E eu achando que aqui eu não encontraria nenhum!
Amanhã é dia de Green Bowl, Uluwatu Beach e Uluwatu Templo, mas ainda não sei como vou fazer pra chegar até lá. Será que alugo uma motinho?