Muita gente já deve ter ouvido que saudade, assim como a palavra representa pra gente, só existe na nossa língua. Tanto que alguns outros idiomas adotaram a expressão assim mesmo, saudade, da mesma forma que usamos em português. Mas o que realmente significa essa palavra, que a torna tão inexplicável, tão difícil de traduzir? O “sinto sua falta” não bastaria?
Não, não bastaria. Porque saudade não é sentir falta, porque sentimos saudade de uma emoção que tivemos em determinado momento, e não de uma pessoa ou de um lugar. Se lembro com saudade de uma festa divertida que aconteceu há algum tempo, com amigos que, de muito próximos, tornaram-se bastante distantes, não significa que eu gostaria de voltar à festa. A saudade é daquilo que senti na festa, da alegria que estava no ar, da cumplicidade que existia entre aquele grupo de pessoas, do quanto rimos planejando o pré e o pós.
Provavelmente, se a festa fosse hoje, com as mesmas pessoas, tudo seria diferente. Por isso eu digo, sentimos saudade de um sentimento que é nosso. Quando digo que estou com saudade de alguém, é porque quero de novo sentir da mesma forma me que sinto toda vez que estou com esse alguém. Se sinto saudade de um lugar, é porque quero novamente sentir toda a inspiração que aquele lugar me traz.
A saudade, quando bate, mas assim, quando bate de verdade, é profunda. As vezes até dói. Dá um aperto no peito. É tanta vontade de sentir o colinho do vô, o abraço daquele amigo, ou mesmo de lembrar daquela travessura que tanto planejamos fazer, mas que na hora, deu tudo errado. As vezes me pego rindo, lembrando saudosamente de alguns momentos da minha vida.
O legal é saber que vários bons momentos ainda estão por vir, ou acontecem todos os dias. E, antes de sentirmos saudade deles, devemos aproveitá-los e vivê-los com bastante intensidade, aproveitando cada minuto. Quanto mais intensa for a vivência, mais gostosa será a saudade… quando ela bater!