Monthly Archives: maio 2010

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Minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos…

Como o show não pode parar, cá estou eu novamente pronta para contar mais uma das minhas peripécias. Juro que além de mim, não conheci mais ninguém digno de tanto fiasco. Hoje em dia já tenho receio de fazer qualquer coisa porque sei que na maioria das vezes, as conseqüências são vergonhosas. O que me consola é que pelo menos, eu tenho história pra contar. E como tenho…

Bueno moçada, alguns dias atrás estava eu de saco cheio da minha cara, querendo mudar. Pensei comigo: vou cortar o cabelo, pintar de castanho escuro e depilar a sobrancelha. Decidida, marquei hora com a depiladora às 15h30 e com a cabeleireira às 16h, mas decidi que não faria a pintura no salão. Comprei uma tinta e fui até a casa de uma amiga ver se ela faria o trabalho sujo pra mim. Ela, por sua vez, aceitou o desafio e pintou todo o meu vasto cabelo. Deixamos a tinta agindo durante 40 minutos, conforme indicado na embalagem. Até essa hora eu estava faceira por já estar no processo de mudança. Aquela ansiedade para ver o resultado.

Chegada a hora de retirar a tinta, nos posicionamos no banheiro, de modo que ela conseguisse enxaguar os meus cabelos sem fazer muito lambuzo. Ela liga o chuveiro e sai uma quantia muito humilde de água. Pensei até que a criatura estava querendo poupar água ou pensando um pouco mais “psicopaticamente”, poderia estar querendo torrar o meu couro cabeludo. Mas não, a verdade é que havia terminado a água do prédio! Já era 14h50 e às 15h30 era o meu primeiro horário. Pensei até em enrolar uma sacola plástica no cabelo e ir até o salão enxaguar, mas o meu horário com a cabeleireira era às 16h, se eu esperasse até lá correria o risco de ao invés de cortar o cabelo, ter que comprar direto uma peruca.

Foi nessa hora que minha adorada amiga teve a brilhante idéia de pegar água da geladeira. Eu estava numa posição ingrata, com o cabelo pura tinta, o que poderia ser pior? Cada filete de água que escorria no meu couro cabeludo congelava até o meu nariz. Que dor! Parecia que a qualquer momento o meu cérebro ía se suicidar pelo nariz de tão gelada que estava aquela água. Para a minha sorte ou azar, a água da garrafa acabou, mas a Bianca teve mais uma idéia genial: havia sobrado água dentro da chaleira, que da mesma forma não serviu para muita coisa. Tenho uma grande quantidade de cabelo, que exige uma grande quantidade de água para enxaguá-lo.

E agora? O que se faz? Tivemos a brilhante idéia de pegar água de dentro da caixa de descarga do banheiro (veja bem, de dentro da caixa de descarga, e não de dentro do vaso sanitário, antes que alguém me chame de relaxada). Abrimos o reservatório e fiquei mais tranqüila, tinha mais água que um caminhão pipa. Daí por diante, só foi. Cabelo enxaguado da maneira que foi possível, me fui pro salão…

Saí do apartamento em cima da hora, cheguei no salão e fui correndo para fazer a sobrancelha. A sala é de depilação, toda branca, com uma maca branca, com um lençol branco… Eu lá, deitadinha. Finalizada a sobrancelha, levanto-me da maca e me deparo com uma rodela marrom na cabeceira da maca e mais duas rodelas onde estavam os meus pés, que no caso estavam sujos da água tingida que caía no chão e respingava nos tênis. Quando olhei aquela maca eu queria me enfiar dentro da panela de cera da moça. Pedi desculpas, porque graças a Deus meus pais me deram educação, e sumi da sala, desejando muito que chegasse a hora de eu lavar decentemente os cabelos.

Sentada na cadeira lembrei-me da “nhaca” que estava o meu cabelo, nessa hora o assistente me pergunta: “e o que tu faz, Vanice? Trabalha, estuda?”, eu logo pensei: “esse cara deve tá achando que eu trabalho no caminhão de lixo, aliás, dentro dele, pela imundice do meu cabelo.” Apenas disse pra ele, “Olha querido, esse caldo que está saindo do meu cabelo é porque acabei de pintá-lo e quando eu estava enxaguando faltou um pouquinho de água, ok?!”, eu não ia falar pro rapaz que eu havia congelado a cabeça na água gelada, ter usado água da chaleira e quase ter enfiado a cabeça dentro da patente pra enxaguar, né?!

Apesar de todo o tormento para o meu cabelo ficar bonito, valeu toda a função… só recebo elogios.

* Vanice Schuch é publicitária e diverte muito a blogueira com suas histórias mirabolantes.

Lápis e borracha

Cada dia mais eu me surpreendo com o poder que tem o nosso cérebro. Se tu trabalha muito um tipo específico de raciocínio, ele vai virando craque naquilo e quando a gente menos espera, parece que a coisa vira automática. Por outro lado, por mais facilidade que tu tenha para um tipo de atividade, experimenta ficar muito tempo sem praticar pra ver o que acontece!

Pois bem, passado o segundo grau, optei pela faculdade de jornalismo, obtendo meu diploma em 2003. Foram-se quatro anos e meio de texto, texto, texto, gramática, português, literatura, técnicas de rádio, TV, jornal, revista…. O português bombando (aliás, quero aproveitar pra deixar claro que a não conjugação correta dos verbos é proposital pra que o texto fique mais próximo do que seria a história contada), não precisa de gramática, não precisa de regras de acentuação, pontuação… É tudo automático!

Agora pega esses quatro anos e meio, junta com mais seis (sim, seis!) anos que eu fiquei entre a colação de grau e o início do meu MBA e calcula a eternidade de tempo que eu fiquei sem fazer cálculo. Pois é, o máximo de matemática que eu usei durante mais de dez anos, foi dividir o valor do engradado de cerveja entre os presentes no churrasco. E nem sempre dava certo!
Aí ano passado eu decidi entrar no MBA da Fundação Getúlio Vargas. É, porque eu sou metida mesmo! Se é pra fazer uma pós, que seja na melhor escola. E se é pra fazer uma pós, que seja pra aprender coisas novas. Logo, nada de marketing pra mim, queria mesmo era gestão empresarial. No começo foi tudo bem, era módulo de gestão de pessoas, marketing, negociação… aí de repente começou a encrespar! Matemática financeira, contabilidade… com o detalhe que não consegui fazer nenhum desses dois e acabei caindo direto em Finanças Corporativas.

Imagina que delícia que foi a primeira aula. Eu olhando pra uma tal de calculadora HP, ela olhando pra mim, e muito poucos botões familiares entre nós. Pelo preço desse negócio, minha expectativa era de que eu ligasse a bichinha, fizesse a pergunta, e ela me desse a resposta imediatamente. Mas não! Ela fica ali parada, insistente. E não adianta desligar e ligar de novo que os números continuam lá. Tem comando até pra apagar o visor. Pode isso?

Sempre fui boa em matemática. Só peguei recuperação uma vez na vida, e foi em educação artística! Mas poxa, são dez anos sem fazer cálculos complexos, como reativar esse raciocínio? Agora que já acabou o módulo, aprendi que tem um botão que calcula a data, um que calcula a taxa, um que salva o valor presente e um que diz o valor futuro (entre outros, claro). Bonito! Agora, pra quem nunca mais utilizou o raciocínio matemático, como é que eu vou confiar num negócio desses? Me diz?

Ainda sou mais o lápis e a borracha do que esse trem aí!

Folga

Hoje não tem post pois a blogueira está de folga, comemorando o título de Campeão Gaúcho conquistado pelo Grêmio na tarde de ontem.

Amanhã tudo volta ao normal!

Beta in Wonderland

Sou apaixonada por Alice na País das Maravilhas, de Lewis Carroll. Já li mil vezes. E já indiquei pra outras mil pessoas. Sei que muita gente acha que é um livro infantil, mas na verdade, ele é muito mais adulto do que a maioria imagina!

São muitas as lições que tirei dessa história que, além de animais falantes e poemas inusitados, ainda coloca uma menina pra comer cogumelo. E ela cresce, e diminui, e cresce de novo… sempre parecendo estar do tamanho errado. Vamos excluir o fato de que o cogumelo ali pode simbolizar drogas e nos ater para a incrível sensação de não se encaixar em lugar nenhum. Como se estivéssemos sempre no lugar errado. Quem nunca se sentiu assim?

Outra parte que eu gosto muito, é quando a Alice está muito grande e começa a chorar. Não demora muito para que o leque do Coelho Branco a faça diminuir e adivinha onde ela acaba caindo? Dentro de uma lago de lágrimas que ela mesma criou! Agora cá entre nós, são realmente as crianças que precisam aprender essa lição? “Eu gostaria de não ter chorado tanto”, disse ela.

Tem ainda o bebê da duquesa, que de tão maltratado, acaba virando um porco. Sorte da Alice que ela não vive no mundo real, ou esse bebê se transformaria num assaltante, sequestrador, homicida…

A crise de identidade da Alice, que se dá durante toda a história, é uma referência muito forte a maior dúvida da universo: Afinal, quem somos? “Quem sou eu?” Ah! esta é a grande confusão!” E Alice começou a pensar em todas as crianças que ela conhecia e que tinham a mesma idade dela, para ver se tinha se transformado em alguma delas. “Eu tenho certeza que não sou Ada”, ela disse, “porque os cabelos dela são enrolados e os meus não. E eu tenho certeza que não sou Mabel porque eu sei muitas coisas e ela, oh!, ela sabe tão pouco! Além disso ela é ela e eu sou eu e…puxa, que confuso isso tudo é!”. Pois é Alice, quem disse que viver era fácil?

Nem pra Rainha de Copas a vida é fácil. Antes mandar decapitar todo mundo do que ouvir críticas a si mesma. E mesmo tão rancorosa, ainda se viu disposta a contar histórias e ensinar Alice a fazer sopa de falsa tartaruga! Ninguém é totalmente mal… e ninguém é totalmente bom! É ou não é?

Por fim, quando a Alice decide voltar pra casa, se depara com uma bifurcação e para, pensativa e em dúvida sobre qual caminho seguir. Nessa hora aparece o Gato de Botas, que pergunta:
– Qual o problema Alice? Posso te ajudar?
– Estou em dúvida sobre qual caminho seguir.
– Aonde você quer chegar? – perguntou o gato.
– Eu não sei.
– Ora, se você não sabe aonde quer chegar, então qualquer caminho serve….

Preciso dizer mais alguma coisa?

E afinal de contas, por que mesmo que um corvo se parece com uma escrivaninha? Pouco importa, afinal cada um tem o seu País das Maravilhas e, pra chegarmos lá, basta se deixar levar pela imaginação…