Como o show não pode parar, cá estou eu novamente pronta para contar mais uma das minhas peripécias. Juro que além de mim, não conheci mais ninguém digno de tanto fiasco. Hoje em dia já tenho receio de fazer qualquer coisa porque sei que na maioria das vezes, as conseqüências são vergonhosas. O que me consola é que pelo menos, eu tenho história pra contar. E como tenho…
Bueno moçada, alguns dias atrás estava eu de saco cheio da minha cara, querendo mudar. Pensei comigo: vou cortar o cabelo, pintar de castanho escuro e depilar a sobrancelha. Decidida, marquei hora com a depiladora às 15h30 e com a cabeleireira às 16h, mas decidi que não faria a pintura no salão. Comprei uma tinta e fui até a casa de uma amiga ver se ela faria o trabalho sujo pra mim. Ela, por sua vez, aceitou o desafio e pintou todo o meu vasto cabelo. Deixamos a tinta agindo durante 40 minutos, conforme indicado na embalagem. Até essa hora eu estava faceira por já estar no processo de mudança. Aquela ansiedade para ver o resultado.
Chegada a hora de retirar a tinta, nos posicionamos no banheiro, de modo que ela conseguisse enxaguar os meus cabelos sem fazer muito lambuzo. Ela liga o chuveiro e sai uma quantia muito humilde de água. Pensei até que a criatura estava querendo poupar água ou pensando um pouco mais “psicopaticamente”, poderia estar querendo torrar o meu couro cabeludo. Mas não, a verdade é que havia terminado a água do prédio! Já era 14h50 e às 15h30 era o meu primeiro horário. Pensei até em enrolar uma sacola plástica no cabelo e ir até o salão enxaguar, mas o meu horário com a cabeleireira era às 16h, se eu esperasse até lá correria o risco de ao invés de cortar o cabelo, ter que comprar direto uma peruca.
Foi nessa hora que minha adorada amiga teve a brilhante idéia de pegar água da geladeira. Eu estava numa posição ingrata, com o cabelo pura tinta, o que poderia ser pior? Cada filete de água que escorria no meu couro cabeludo congelava até o meu nariz. Que dor! Parecia que a qualquer momento o meu cérebro ía se suicidar pelo nariz de tão gelada que estava aquela água. Para a minha sorte ou azar, a água da garrafa acabou, mas a Bianca teve mais uma idéia genial: havia sobrado água dentro da chaleira, que da mesma forma não serviu para muita coisa. Tenho uma grande quantidade de cabelo, que exige uma grande quantidade de água para enxaguá-lo.
E agora? O que se faz? Tivemos a brilhante idéia de pegar água de dentro da caixa de descarga do banheiro (veja bem, de dentro da caixa de descarga, e não de dentro do vaso sanitário, antes que alguém me chame de relaxada). Abrimos o reservatório e fiquei mais tranqüila, tinha mais água que um caminhão pipa. Daí por diante, só foi. Cabelo enxaguado da maneira que foi possível, me fui pro salão…
Saí do apartamento em cima da hora, cheguei no salão e fui correndo para fazer a sobrancelha. A sala é de depilação, toda branca, com uma maca branca, com um lençol branco… Eu lá, deitadinha. Finalizada a sobrancelha, levanto-me da maca e me deparo com uma rodela marrom na cabeceira da maca e mais duas rodelas onde estavam os meus pés, que no caso estavam sujos da água tingida que caía no chão e respingava nos tênis. Quando olhei aquela maca eu queria me enfiar dentro da panela de cera da moça. Pedi desculpas, porque graças a Deus meus pais me deram educação, e sumi da sala, desejando muito que chegasse a hora de eu lavar decentemente os cabelos.
Sentada na cadeira lembrei-me da “nhaca” que estava o meu cabelo, nessa hora o assistente me pergunta: “e o que tu faz, Vanice? Trabalha, estuda?”, eu logo pensei: “esse cara deve tá achando que eu trabalho no caminhão de lixo, aliás, dentro dele, pela imundice do meu cabelo.” Apenas disse pra ele, “Olha querido, esse caldo que está saindo do meu cabelo é porque acabei de pintá-lo e quando eu estava enxaguando faltou um pouquinho de água, ok?!”, eu não ia falar pro rapaz que eu havia congelado a cabeça na água gelada, ter usado água da chaleira e quase ter enfiado a cabeça dentro da patente pra enxaguar, né?!
Apesar de todo o tormento para o meu cabelo ficar bonito, valeu toda a função… só recebo elogios.
* Vanice Schuch é publicitária e diverte muito a blogueira com suas histórias mirabolantes.