Faz tempo que isso aconteceu, mas ficou pra sempre na memória!
Não sei se era final de primeiro grau ou final de segundo, o fato é que haviam acabado as aulas naquele dia. Eu e a Mônica, as duas da pá virada, resolvemos comemorar. Já havíamos aprontado ALGUMAS durante nossa época de Concórdia, então dessa vez a coisa tinha que ser master!
Decidimos então ir da escola direto pra casa dela, pois estaríamos sozinhas! Cenário perfeito para qualquer coisa que inventássemos! Logo que chegamos, avistamos o Armazém da Esquina e, automaticamente, as duas mentes bolaram o plano. A comunicação era praticamente telepática!
Fomos até o armazém e compramos uma garrafa de vinho. De plástico. Daquelas de um litro e meio. Vinho de sagú. “Crônicas de uma morte anunciada”. Obviamente que não poderíamos simplesmente beber o vinho assim, sentadinhas nas cadeiras, batendo papo. Não! Decidimos subir no telhado.
A casa da Mônica é aquelas cheia de telhadinhos, sabe? Um telhadinho em cima da sacada, daí num outro nível tem o principal e depois outro pedacinho um pouco mais baixo… enfim, era facinho de subir! E mesmo que não fosse, estávamos decididas.
Lá em cima, sentadas, no calor de dezembro, tomamos aquele vinho. E rimos! Rimos das histórias, rimos do que aprontamos, rimos de todos os caras feios que tínhamos beijado naquele ano, rimos da situação… rimos de nós mesmas! Aí acabou o vinho e era hora de voltar a terra firme!
Nem preciso dizer que assim que descemos do telhado, corremos diretamente pro banheiro tentar devolver pro universo aquele suco doce e alcoólico que havíamos ingerido. Era um revezamento. E a gente ria!
Até que, eu fazendo xixi e a Mônica na frente do espelho, ela brinca: “Já imaginou minha mãe chegando agora? Oi mãe!”. Rimos mais. E ela bem séria olhou pro espelho e repetiu: “Oi mãe!” E eis que surge a dona Fátima por trás da porta.
Se ela nos xingou eu não lembro. Já acho impressionante eu lembrar de todos esses detalhes que contei, então nem exijo muito. O fato é que dormimos e, quando acordamos, fizemos cada uma uma carta de desculpas pra dona Fátima. A minha começou assim: “Tia mãe da Mônica, não fica braba com a gente…”
E o gostoso de tudo isso é que já contamos essa história pra várias pessoas, e toda vez, a dona Fátima lembra do bilhete “tia mãe da Mônica” que ela guarda com ela até hoje!
Taí, nunca fiz amigos bebendo leite mesmo!