Daily Archives: 18 de maio de 2010

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Dez anos a mil!

Pois ontem fui na otorrino! Tenho problema respiratório, tá atrapalhando! Me incomoda na corrida, me incomoda pra dormir… Coça, corre, dá vontade de espirrar… Aquela coisa! Diagnóstico? Rinite alérgica!
Tá, nenhuma novidade. A novidade é que eu devo me livrar dos meus gatos. Sério! Não soltei uma gargalhada gigante na cara da doutora porque eu tenho boa educação… mas quase!

E ela ficou lá, insistindo, que eu tinha que me conscinetizar que a rinite poderia virar asma lá pelos meus 60  (quem se importa?), que os gatos tem uns “naolembroonome” que ficam no ar e irritam o nariz da gente e blá, blá, blá. “Não posso te proibir de ter gatos, fica da tua consciência se o mais importante pra ti é tua saúde ou teus gatos”, disse ela. MEUS GATOS! Tá dito!

Saí de lá e fiquei pensando numa crônica da Danusa Leão. Ela começa falando da frustração de pedir um sorvete de sobremesa e, de repente, chegar o garçom com aquela minibola (de sorvete, pra deixar claro!). Dá uma vontade de parar na primeira loja de conveniência, comprar um pote e mandar todo pra dentro. Por quê? Porque a vida da gente hoje é muito meia boca!

É tudo pela metade! Quer comer um doce? Não pode! Quer beber até cair? Não pode! Quer dar pro cara na primeira vez? Deusulivre! Quer dançar que nem o Rubinho no pódio? Never!
Nada pode! É tudo pela metade! Pode, ok, mas pondera, manera, controla… QUE SACO!

Me pergunto se é isso que buscamos mesmo. Melhor viver dez anos a mil ou mil anos a dez? Eu AMO bicho, vou ficar sem porque quando eu tiver 60 eu POSSO vir a ter asma? Ahhh, poupe-me do trabalho de argumentar! Posso morrer muito antes dos 60. E como são grandes as chances de isso acontecer nesse país… ou num tsunami em outro… whatever!

Por isso que eu digo: QUERO DEZ ANOS A MIL! A mil não, a um milhão… e quem não prefere assim, que aproveite sua vida pacata, chata… e longa!

CRÔNICA DA DANUSA:

Duas bolas, por favor…..
Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido.
Uma só!!
Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa!
Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.
O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.
A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.
A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.
Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de ‘fácil’).
Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.
Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.
Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar !!
E por aí vai.
Tantos deveres, tanta preocupação em ‘acertar’, tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação…
Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão…
Às vezes dá vontade de fazer tudo ‘errado’.
Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.
Recusar prazeres incompletos e meias porções.
Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim:
‘Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora’…
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.
Um dia a gente cria juízo.
Um dia.
Não tem que ser agora.
Por isso, garçom, por favor, me traga:
cinco bolas de sorvete de chocolate, um sofá pra eu ver 10 episódios do ‘Law and Order’, uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK?
Não necessariamente nessa ordem.
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago…….

Reunião de condomínio

Sabia que a alegria duraria pouco. Sabia! Apê bacana, prédio novo… vizinhos?? Malas! Óbvio.

Hoje tive minha primeira reunião de condomínio. Segunda, se considerar que sexta, na entrega das chaves, já decidimos algumas coisas. E estavam lá os futuros moradores, pais dos futuros moradores, dona de seis apartamentos, casais, gente nova, gente velha… e eu! Ahhhh, se eu pudesse pegar cada um deles e botar sentado quieto na cadeira, de boca fechada. Mas não, era um zoológico de jaulas abertas… Praticamente o Pampa Safari!

O síndico eleito, coitado, é mais prolixo que o mais prolixo dos taurinos. Dá pra imaginar? E eu lá tentando fazer os exercícios de respiração aqueles, pra deixar a gente calma. E o cara explicava, e re-explicava, e repetia… e eu me coçando pra não mandar ele ir pro próximo tópico porque tooooodo mundo já tinha entendido quando, de repente, o que acontece? Um levanta e faz uma pergunta cuja resposta é…. EXATAMENTE aquilo que o pobre síndico havia acabado de explicar mil vezesssss!

Me controlei e não joguei o velho longe, nem mandei calar a boca ou chamei de burro… Ao invés disso, pensei comigo: EU VOU DOMINAR O MUNDO! Certo! Por que das duas uma: ou eu sou muuuuito esperta, ou aquele povo todo (com exceção da Nana e do Cu, obviamente!) é muuuuito burro!

Uma vez um chefe meu disse que não adianta ser uma Ferrari se tu tiver que rebocar um Fusca. Triste a vida da pobre Ferrari. Mas tudo bem! O negócio é chegar em casa, abrir um vinho e relaxar. Essa foi apenas a primeira de muitas que virão!