Como dizem: é quando se perde que sentimos falta.
No início foi fácil, porque para quem mora em Porto Alegre e precisa somente ir onde passa uma linha de ônibus, sem problemas. Mas com o tempo isso foi mudando, principalmente quando queríamos vir a São Leopoldo. Nosso grande empecilho era o Fuzarka (nosso cachorro) que não pode entrar no maldito ônibus. Mas também tem os horários. Experimenta ir de metrô até a rodoviária num domingo a noite para pegar o ônibus. Ali está você, inserido numa cena de filme de terror…
Num belo dia programamos de ir para São Leopoldo para ficarmos um final de semana. A Taís pediu emprestado o carro da Letícia (minha querida sogra), um Astra SS vermelho (uma nave!). Pegamos o carro na sexta e fomos eu, Taís e Fuzarka.
No domingo a noite, lá pelas 20h, começamos a arrumar as trouxas para voltar pra casa. Daí pensei, hoje que estou de carro posso pedir o Play 2 (na época era o ultra-mega-super-master vídeo game) do meu irmão emprestado. Minha mãe também aproveitou para mandar uns rangos congelados. E ainda levei algumas roupas e claro, nossas mochilas carregadas com tudo da faculdade.
Lá fomos nós, em direção a casa da Letícia (que antes de ir morar “mal” na beira mar de Fortaleza, morava na rua atrás do Shopping Strip Center, hoje o Boulevard Strip Center). No caminho, eu pensava que, assim que possível, compraria outro carro. Uma tranqüilidade poder voltar para casa a qualquer hora.
Assim que dobrei na rua da sogra, diminuí a velocidade, pois a máquina era rebaixada. Percorri a primeira quadra e estávamos a 50 metros da entrada da garagem, quando um outro carro me ultrapassou e fechou a frente. Logo desceram três homens armados apontando para nós. Desespero geral!!! Um deles pediu para nós descermos e, como não era acostumado com o carro, não conseguíamos destravar as portas.
O cara quase quebrou o vidro com uma coronhada. Até que, não lembro se foi eu ou a Taís, mas alguém deu um jeito de destravar as portas. Nós dois descemos e os vagabundos entraram no carro. Foi quando me dei por conta que o Fuzarka ainda estava lá dentro. Num impulso muito arriscado, abri a porta traseira para pedir para o Fuzarka descer. Infelizmente ele ficou latindo para os bandidos e não desceu. Eles arrancaram!
(continua)
* Marcelo Cunha é educador físico, profe da blogueira, marido da Tatá e pai do Fuzarka e da Bellinha!