Ressaca criativa
A melhor coisa do mundo
Sei que é impossível chegarmos a um acordo sobre uma única coisa para elegermos como a melhor da vida. Por isso vou falar por mim. PRA MIM, o melhor da vida são os amigos. Claro que nisso entra também a família da gente. Existe um grupo melhor de amigos do que a própria família?
Trabalhando em Paris
Trabalhar em Paris tem suas vantagens.
Dá uma olhada!
http://www.youtube.com/watch?v=KiLa219UP8w
A morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo. Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim?
E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente? Não sei de onde tiraram esta idéia: MORRER!!! A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente…
De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis. Qual é?
Morrer é um chiste. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas.
Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu. Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã.
Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz.
Mas antes de viver tudo? Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.
Por isso viva tudo que há para viver. Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida… Perdoe… Sempre!!!
* Pedro Bial é jornalista, global, e apresentador do BBB.
Curtas de Paris
PS2: Todo dia acontece algo bizarro. Conto tudo no pós feira.
PS4: O teclado do note que eu to usando é todo desconfigurado e eu tenho que adivinhar onde são os acentos. A falta deles deve-se a questões técnicas.
O barulho é no andar de cima
Enfrento alguns defeitos básicos.
Um deles é derramar água quando coloco a fôrma de gelo de volta. Vou empoçar a cozinha e molhar os pés.
São décadas cumprindo vagarosamente os passos da pia até a geladeira e sempre desequilibro na última hora, seja ao abrir o congelador, seja ao procurar uma fresta entre as comidas e o pote de sorvete. A ordem é frágil. Atinjo o cume, finco a bandeira e um desmoronamento de neve termina com a paz.
Não é saudável minha insistência, porém odeio fracassar. Não tem sensação pior do que se enganar e mentir aos outros para tentar se convencer.
Talvez não faça questão de sair de uma crise e goste realmente do pessimismo. São hipóteses para fugir das certezas desagradáveis.
Já sondei fazer um curso ou assumir a função de garçom nas férias para efetivar o equilíbrio. Duas coisas se deve ensinar ao filho para evitar frustrações sexuais no futuro: amarrar o tênis e guardar o gelo. O resto ele aprende sozinho.
Durante a contratação pela universidade, agendaram com incrível antecedência o teste psicotécnico. O RH garantia um privilégio e concedeu duas semanas de preparação. Ou seja, uma quinzena para exercitar minha paranoia e refinar o bruxismo.
Não posso esperar muito tempo senão apodreço. Acalentei pesadelos por noites seguidas em que o teste admissional seria caminhar com a bandejinha cheia por todo o campus. Acordava gelado.
Não ria de mim, aquilo não é fácil, é um dos mais horrendos crimes da civilização, ao lado dos buracos da camada de ozônio. É a força do Inconsciente Coletivo pesando os braços.
Antecedentes devem puxar nossa espinha. Reencontramos nas vértebras os arrepios dos condenados injustamente pela Inquisição enquanto caminhavam para o cadafalso.
Eu me vejo próximo da tosse de Giordano Bruno, primo do suspiro de Joana D’Arc.
O problema não é meu, ninguém deseja renovar a bandeja — na maioria das vezes, encontro a morrinha com duas ou três lascas. O familiar usa e devolve como se não houvesse nenhum desfalque. É a maior cara-de-pau.
Deixa o suficiente para seu uísque de madrugada, e só. Claro que descobriremos os tabletes vazios tarde demais, no momento de receber visitas e retornar do mercado com as garrafas quentes do refrigerante.
A generosidade do casal não está nas atitudes ostensivas que fazem parte do repertório de provocação e que permitem flagrantes como trocar o papel higiênico ou não largar a toalha molhada na cama ou manter seca a tampa da privada.
Generosa é a substituição do gelo, uma ação sem sabor e transparente como a água. Discreta, qualquer um pode disfarçar e fingir desinteresse.
Contrariar pequenas preguiças traz sobrevida amorosa. Repondo as pedras, asseguramos a longevidade da relação.
* Fabrício Carpinejar, escritor, jornalista e professor universitário, autor de quatorze livros, pai de dois filhos, um ouvinte declarado da chuva, um leitor apaixonado do sol. Quando conseguir se definir, deixará de ser poeta.
“Pode invadir
Ou chegar com delicadeza
Mas não tão devagar que me faça dormir
Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar
Acordo pela manhã com ótimo humor
Mas … permita que eu escove os dentes primeiro
Toque muito em mim
Principalmente nos cabelos
E minta sobre minha nocauteante beleza
Tenho vida própria
Me faça sentir saudades
Conte algumas coisas que me façam rir
Viaje antes de me conhecer
Sofra antes de mim para reconhecer-me
Acredite nas verdades que digo
E também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa.
Respeite meu choro
Me deixe sozinha
Só volte quando eu chamar
E não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada
Então fique comigo quando eu chorar, combinado?
Seja mais forte que eu e menos altruísta!
Não se vista tão bem…
Gosto de camisa para fora da calça,
Gosto de braços
Gosto de pernas
E muito de pescoço.
Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, cheiros, olhos, mãos…
Leia, escolha seus próprios livros, releia-os.
Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos.
Seja um pouco caseiro e um pouco da vida
Não goste tanto de boate que isto é coisa de gente triste.
Não seja escravo da televisão, nem xiita contra.
Nem escravo meu
Nem filho meu
Nem meu pai.
Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.
Me enlouqueça uma vez por mês
Mas me faça uma louca boa
Uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca …
Goste de música e de sexo
Goste de um esporte não muito banal
Não invente de querer muitos filhos
Me carregar pra a missa, apresentar sua família… isso a gente vê depois … se calhar …
Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora
Quero ver você nervoso,inquieto
Olhe para outras mulheres
Tenha amigos que se tornem meus amigos e digam muitas bobagens juntos.
Me conte seus segredos …
Me faça massagem nas costas.
Não fume
Beba
Chore
Eleja algumas contravenções.
Me rapte!
Se nada disso funcionar …
Experimente me amar!”
* Marta Medeiros é gaúcha, escritora, mãe e tem gatos!
Acrobacias quase aéreas
Bueno, depois de ter várias reuniões comigo mesma, aquelas coisas de praxe “preciso rever isso, resolver aquilo, ligar pro fulano…”, resolvi mudar, pois a convivência comigo mesma estava ficando difícil. Tomei a decisão de fazer Pilates. Excelente idéia eu tive.
Packing
Foi incrível! E depois disso eu nunca mais parei!Aos 19, no meio da faculdade de jornalismo, percebi que eu precisava aprender inglês quase que por osmose. Pra ontem! E lá fui eu atrás de pacotes e cursos no Canadá. Até hoje eu não entendo o porquê, mas tenho um fascínio por aquele país. Talvez o plátano na bandeira, não sei. Mas aos 19 eu tava lá, janeiro, um friiiiiiiooo, neve cobrindo a cidade toda. Minha “família” foi me buscar no aeroporto: a Julie, uma mãe de uns 30 anos, e o Andrew, um menino de14. Nossa, lembro até hoje que o Andrew veio no carro falando o tempo todo. E eu sabia apenas dizer “I love you”, “thank you” e “fuck you”. Lucky me!
Enquanto isso, quem quiser me enviar textos, eu edito e publico. Também publicarei textos de autores que eu gosto, mas que tem a cara do blog. Espero que gostem.
Amanhã tem surpresa!
Beijos e até a volta!
Entre escombros
O terremoto foi no Chile, mas a devastação foi lá em casa. Não consigo entender como é que uma só pessoa consegue fazer a casa ficar do jeito que ela está. Euzinha, sozinha, consigo transformar uma casa recém faxinada em um pós tsunami bem mais rápido do que vocês imaginam. Deve ser um dom, só pode.
A louça vai acumulando na pia, como sempre, até que nem eu mesma aguento mais, vou lá e limpo tudo. Tenho certeza que seria mais fácil ir lavando conforme eu fosse usando. Mas a gente tem dessas coisas. Ok, EU tenho dessas coisas… Não quero estragar as unhas, deixo pra depois!
E as roupas? ODEIO mexer com roupa. Lavar, recolher, passar dobrar… aaaaaaaaaaahhhh, que saco! Isso sem falar no GUARDAR. Tenta botar Porto Alegre dentro de São Leopoldo. É mais ou menos isso que acontece quando tento guardar minhas roupas. Simplesmente não-tem-lugar. Não cabem no roupeiro. E o resultado disso, óbvio, é uma pilha de roupas jogadas no encosto de uma cadeira.
Limpar banheiro nem passa pela minha cabeça. Esse fica mesmo pra faxineira, quando ela vem. Não nasci pra isso, sabe? Limpeza, essas coisas. De vassoura em punho e balde como munição, por vezes encaro uma limpeza pesada, mas mesmo assim, nunca fica bom. Meu dom é o da bagunça, não o da organização.
Esse é um dos ônus de se morar sozinha… e de não ter dinheiro para contratar uma faxineira fixa, é claro! PRECISAMOS ARRUMAR A PRÓPRIA BAGUNÇA. Ou não, e viver entre escombros…